Foto: DN - Zé Fernandes e Leide Câmara |
Em pleno Sertão Nordestino, nasceu um dos maiores compositores de música sertaneja do Brasil. Segundo a pesquisadora Leide Câmara, autora do Dicionário da Música do Rio Grande do Norte, José Fernandes Hortêncio Sobrinho nasceu no município de Currais Novos, em 17 de abril de 1953. Com uma família de 16 irmãos e muito pobre, viajaram para a cidade mineira de Ituiutaba, aos dois anos de idade. De lá, tentaram a vida em Goiânia. O futuro compositor lavou carros, catou papelão, engraxou sapatos, trabalhou como servente de pedreiro e vendedor de garrafas e ainda dormiu em caixotes e canteiros de rua.
Desconhecido do público potiguar, José Fernandes foi capa dos maiores jornais de Goiânia. Manchetes estampavam: "O favorito das feras", ou "O maior fenômeno da música sertaneja dos últimos anos". O compositor colecionou mais de 160 músicas gravadas e só Amado Batista regravou 63, entre elas: “Serenata” (que vendeu mais de 12 milhões de discos); “Princesa”, “Seresteiro da Noite”, “Aonde Está Você”, “Semente de Amor”, “Eu não Consigo te Esquecer”, “Separação”, entre outras. Zé Fernandes também era músico e integrou à banda de Amado Batista por oito anos tocando violão e guitarra. Por ironia do destino, em 1997, o cantor Amado Batista veio com sua banda à Currais Novos fazer um show e o mesmo não aconteceu.
Duplas sertanejas também ficaram conhecidas através das composições de José Fernandes. “Lágrimas do Coração”, “Quadro Negro”, “Casa-Separa”, “Quem é o Dono dos seus Olhos”, “Maravilhas do Mundo” e "Mais uma Vez Sozinho" gravadas por Leandro e Leonardo. “Deus”, “Linda Linda” e Paraíso, interpretadas por Zezé de Camargo e Luciano. Conhecido também como o Mago da arte de compor, sempre humilde ajudou muitas duplas sertanejas pequenas e outros compositores no início de suas carreiras.
José Fernandes, curraisnovense, personagem de uma história de vida fascinante, músico e poeta, um romântico incorrigível, um lutador que venceu a pobreza pelo talento projetando sua arte por todo Brasil, tornando-se um dos maiores compositores de música sertaneja do país, fazendo toda a nação cantar suas composições e mostrando o quanto a música potiguar é rica de compositores e instrumentistas. O mesmo faleceu em 26 de maio de 2008 aos 56 anos, vítima de problemas cardíacos.
Jean Souza Jornal Expresso